É fácil perceber nas academias pessoas cometendo excessos diários nos aparelhos de musculação e até mesmo nos exercícios aeróbicos. Muitas vezes, mesmo sob orientação de um professor de educação física, o aluno acha que pode mais, se sente seguro e aumento o peso das anilhas ou resolve aumentar a carga com caneleiras envolvendo abdômen, pernas ou braços.
O overtraining é um estágio atingido após uma seqüência de exercícios realizados de forma ininterrupta ou exagerado. O organismo precisa de repouso para recuperar-se após uma sessão de treinamento intenso, mas, como ele é altamente adaptativo, quando se exagera apenas algumas vezes e não se preocupa com o devido descanso, ele ainda consegue compensar este exagero durante um certo período.
'Este processo vai minando o organismo gradativa e silenciosamente até que comece a manifestar alguns sintomas, como: freqüência cardíaca mais elevada que o normal (em repouso e em atividade), maior dificuldade de recuperação após o exercício, dificuldade de ter um sono reparador ou dificuldade para dormir, alterações de apetite, podendo apresentar lesões osteomioarticulares recorrentes (principalmente nos segmentos exigidos)', afirma Helio Yoshio Deyama, professor e personal trainer da academia Aquasport. 'Geralmente, o overtraining só é percebido após estar instalado, sendo necessário um descanso imediato e o tratamento dos sintomas apresentados'.
Os fatores que podem desenvolver o overtraining estão associados à deficiências e atitudes não adequadas que possam atrapalhar o processo de recuperação. Excesso de exercícios, a alimentação incorreta e a falta de sono são fatores importantes que podem levar a este estágio. Ficar horas na academia se exercitando, não se alimentar adequadamente antes,durante e após a atividade física, não respeitar o período de descanso podem ajudar muito se instalar o quadro de overtraining.
De acordo com o especialista, algumas alterações físicas podem alertar para os excesso. 'Algumas alterações como freqüência cardíaca (tanto em repouso quanto durante as atividades físicas), irritabilidade, alterações de apetite, alterações de sono, sentir o corpo sempre cansado e diminuição do ânimo para a atividade física, pode ser percebida nesse período', lembra Helio.
Evitando a fadiga
A fisiologia do organismo do ser humano deve ser respeitada o tempo todo. O corpo necessita de estímulos mais intensos para poder se adaptar e se desenvolver, assim como deve ter o tempo adequado para o descanso, para que ele possa assimilar uma nova sessão de treinamento intenso. De uma forma bem simplista, quando um indivíduo faz um treinamento intenso num dia, deve se preocupar muito para que sua programação de treinamentos apresente um dia seguinte de recuperação. Afinal, nosso organismo se desenvolve muito mais no período de recuperação do que durante o tempo de esforço.
De acordo com a fisioterapeuta Clinica Conceitus, Fernanda da Fonte, a atividade física não deve provocar dor. 'Não tem que doer, não tem isso de não está doendo, não funcona. Isso não existe. Em qualquer fisioterapia ou atividade física, a dor tem que ser suportável'. Um erro comum é imobilizar o punho ou o tornozelo e continuar praticando atividades físicas e cotidianas. 'Quando você imobiliza, não pode mexer com a articulação afetada, senão piora a lesão. É como se amarrassem alguém e a pessoa se debatesse para sair' afirma a fisioterapeuta.
Depois que ocorre o problema, o tratamento não tem um padrão definido, não é uma receita de bolo. 'Se for uma dor muscular, o indicado é fazer relaxamento muscular, ao mesmo tempo que é bom fortalecer o músculo e mudar a postura', explica Fernanda. O personal Helio Yoshio Deyama concorda e vai além. 'Se você perceber que está apresentando alterações significativas durante suas sessões de treino, o primeiro passo é procurar um médico especialista da área, para que ele possa fazer um diagnóstico correto e possa orientar como proceder para ajudar no tratamento', afirma ele. Geralmente o tratamento envolve uma equipe multidisciplinar para cuidar dos sintomas e poder proporcionar uma plena recuperação fisiológica para o indivíduo.
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